O dilema das mulheres
Uma boa sucessão de aventuras não seria bem mais interessante?
Imagino-a abraçada no travesseiro, tentando adormecer, pensando no dilema. Ela ainda tem um ar de menina, mas é necessário que se apresse. Precisa encontrar logo um homem que a ame, um homem qualquer, não importa, pois, sem ele, não há como ingressar plenamente na comédia contemporânea. Então, tudo precisa ser planejado com muito cuidado, pois suas chances diminuem rapidamente, na proporção exata em que o tempo deforma seu corpo sem a menor piedade. Mas será isso o que ela realmente quer? Logo ela tão independente, moderna e poderosa? Uma boa sucessão de aventuras não seria bem mais interessante? Teoricamente sim. Ela sabe perfeitamente que sim. No entanto, seus instintos reclamam, gritam, enchem seus ouvidos ancestrais com mentiras deslavadas sobre o perfume das grinaldas. Ela sabe que são mentiras, bromas de quem quer uni-la a algum animal de longo prazo, a um homem que seja só seu, a uma mala que irá carregar pelo resto da vida. Mas finge acreditar. Afinal, esse é o grande troféu na zona de caça. Um bicho de longo prazo. O resto é libidinagem pura, coisa sem futuro. Mas ela não se desespera. Não há a menor razão para tanto. Ao seu redor existem bandos de mulheres na mesma situação. Ela percebe isso com enorme facilidade, sabe que não está sozinha. Então relaxa, abraça novamente o travesseiro e tenta adormecer, pensando no dilema…
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