quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Palavras que são tão minha mas ditas por outros...


Sim, existem colunistas e meros blogueiros iniciante iguais a mim,
a diferença entre um e outro, simplesmente a forma como conseguem nos envolver em
seus textos e nos mostram exatamente o que se passa no nosso intimo.
Tenho acompanhado várias colunas da Revista Época e cada dia me surpreendo mais
com cada novo texto publicado. (Não, isso não é merchandising é reconhecimento!)
São as "Eliane's Brum" e os "Ivan's Martins" e "Xico's de Sá" (este ultimo da Folha de São Paulo)
 que me mostram exatamente o que sinto e penso,
de uma maneira clara e desenrolada, diferente da maneira de quando resolvo escrever,
há um enorme fio de lã aqui dentro que perdi suas pontas em tantos nós dados.
Quando escrevo tento aos poucos ir desfazendo essa "massaroca" que se formou, mas acredite
 é quase impossível! Se não fosse o QUASE eu nem tentaria (risos).



O ultimo texto que li de Ivan Martins falou exatamente o que eu queria dizer hoje sobre
a melhor época do ano que está se esgotando e com esses veranicos de agosto que deveriam aparecer somente em maio e junho se tornam cada vez mais difíceis de se perceber uma linda manhã de inverno.

Com a palavra: Ivan Martins!
(Segue abaixo trechos da coluna, a qual tive uma enorme vontade de copia-la completa, mas resolvi deixar a   curiosidade de quem acompanha meus textos falar um pouquinho mais alto =] )

Noites de inverno

Em julho e agosto, calor humano é mais que uma metáfora


" É difícil sair da cama nas manhãs de julho. Do lado de fora do edredom há um mundo gelado e hostil. Do lado de dentro, calor e aconchego. Em outras épocas do ano isso talvez não fique tão claro, mas, no inverno, estar sozinho é uma forma diária e refinada de castigo. E a companhia do outro, que às vezes pode parecer supérflua, revela-se como coisa física e essencial. Em julho e agosto, calor humano é mais que uma metáfora. 
Tenho a impressão, às vezes, que a nossa vida é composta de essencialidades subestimadas. O calor do corpo humano no inverno é uma delas. O prazer da companhia do outro quando se chega em casa, é outra. Sentar no sofá e ver televisão quase em silêncio, falando sobre as miudezas do dia. Ir mais cedo para a cama pelo prazer de estar lá, lendo ou namorando. Saltar da cama com pressa, para aproveitar, a dois, uma manhã ensolarada. Dormir até mais tarde, sem urgência alguma, para desfrutar um sábado friorento.

A gente não aproveita o suficiente essas coisas, eu acho. Um tempo enorme do nosso convívio é gasto ralhando com o outro sobre que ele ou ela fez de errado, ou se queixando do que o mundo lá fora fez com cada um de nós. Outra parte imensa do nosso tempo é perdida em tristezas sem razão, em suspeitas sem fundamento, em angústias de origem desconhecida, em culpas que nos perseguem como assombrações sem solução. A gente não gasta tempo suficiente com o corpo do outro, com o coração doce do outro, com a mente inquieta e criativa do outro. A gente não aproveita o outro como poderia, eu acho. 
Talvez haja armadilhas na nossa natureza humana que atrapalham na hora de ser feliz. Uma delas é o hábito, associado ao desprezo pelos detalhes. O que está lá todo dia deixa de nos fazer feliz. Pequenas coisas que fazem a diferença na nossa vida também podem passar sem ser notadas. Algo dentro de nós clama por grandeza e novidade, de preferência todos os dias. Como se fosse possível, ou mesmo desejável, viver uma aventura a cada 24 horas, reinventar a vida a cada volta do relógio. Mas é isso que uma parte de nós reclama – ela quer novidades, confusão, heroísmo e lágrimas. Exige movimento e agitação como sinônimo de vida. O cotidiano suave e amoroso é percebido como a chatice a ser combatida. (...)"
"(...) Qualquer que seja a razão, não nos preparamos para apreciar os prazeres cotidianos. Estamos sempre olhando para fora de um jeito sonhador, ou para dentro de uma forma exageradamente crítica. Assim cultivamos a insatisfação e a infelicidade. Assim perdemos os melhores momentos da vida dos outros, e da nossa.

Por isso eu gosto tanto da parte de dentro do edredom nas noites de inverno. Ela confere uma dimensão material e concreta aos nossos compromissos. Ela traduz, de forma gostosa e protetora, as nossas opções afetivas. Mostra que somos capazes de escolher, partilhar e proteger. Que sabemos apreciar o prazer e o conforto do nosso convívio. Ela é uma metáfora quentinha de uma parte importante e subestimada de nós – aquela que precisa do outro, que gosta do outro, que tem prazer na presença e no convívio com o outro. Aquela parte de nós que prefere ser feliz a reclamar."

Vou ser boazinha e polpar o trabalho de vocês pesquisarem os citados a cima, abaixo segue o link que direciona para a coluna de sus respectivos autores, tenham um excelente dia!
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